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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A Minha Primeira Vez nos Jardins do Éden

Uma semana depois da minha chegada a Angola cabe-me relatar a noite da minha primeira vez…

Tudo começou na Sexta-Feira dia 21 de Setembro de 2007. Após uma longa jornada de trabalho estava finalmente na altura de relaxar. Vim até casa, tirei o fato e quando pensava que a minha noite não ia passar de um filme e cama, recebo um telefonema. A voz feminina do outro lado da linha mandou-me ir preparar porque tinha chegado a altura da minha primeira vez. Imediatamente senti um formigueiro na barriga – aquele momento por que tanto tinha esperado chegara finalmente.

Fui vestir-me rapidamente e às 20:30 chegou o carro para me apanhar. Nunca mais vou esquecer a viagem até à ilha. As minhas mãos tremiam e a minha cabeça viajava a mil à hora. “Será que vai ser tão bom como toda a gente diz?”, “irei eu corresponder às expectativas?”. Finalmente chegámos ao Caribe para jantar. Este é um dos restaurantes típicos dos pulas com um menu bastante apetitoso. Ainda agora consigo sentir o sabor do peixe e do maracujá misturado com cachaça (que acalmou a minha ansiedade).

Tentei dar um ar cool, como se já andasse há bastante tempo nestas andanças. Pagámos a conta e fomos embora. A hora aproximava-se, o meu coração batia cada vez mais rápido com cada passo que dava em direcção ao Éden. Era cerca da meia-noite quando tudo aconteceu. Finalmente estava prestes a passar as portas do Éden. Fiquei feliz por saber que era o primeiro a entrar naquela noite. Após pagar os 20 dólares da praxe recebi o meu cartão e entrei. Mal conseguia acreditar que estava pela primeira vez no Éden Club na ilha de Luanda. Lugar mítico das noites de kizomba.

Após algumas bebidas a pista começou a ficar composta e depois de uma breve sessão de música MTV o dj começou a passar música africana. Foi nesse momento que pela primeira vez senti o calor das noites africanas. O ritmo e sensualidade das danças, o mexer dos corpos numa noite tropical. Passei a noite com um sorriso de orelha a orelha e aprendi os passos básicos. No rescaldo da noite (que foi bem difícil…) concluí que me safei muito bem para principiante. Sei que outras oportunidades surgirão e que quando for embora de vez também eu irei matar saudades nas noites africanas de Lisboa e Coimbra mas a minha primeira vez irá sempre ser recordada como especial e única.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Dicionário Angolano

Aqui segue um breve dicionário de Angolano retirado de outro blog (com uma ligeira edição minha).

Assim já podem perceber o endereço mambosangolanos.blogspot.com ou seja, coisas/cenas angolanas...

Ainda - não
Num diálogo para entenderem o modo de emprego da palavra:
- Chegaste a fazer o telefonema que te pedi?
- Ainda
Avilo - Amigo; Br"ó"ther
Bala - bom
Exemplo: "Esse cenário tá bala?" Tradução: A festa está a correr bem?
Bater - dar
Exemplo: - Essa discoteca agora está a bater
Bico - Pontapé
Exemplo:- Vou te dar um bico
Cenário - acontecimento, evento, reunião, ...
Cubico - casa
Dores de bexiga - dores menstruais
Desconseguir - o contrário de conseguir
Fazer banga - exibir, ostentar (roupas de marca, ouro, um carro desportivo, ...)
Gasosa - tem duplo significado na realidade, pode querer significar mesmo gasosa, tipo coca-cola, ou, na maior parte das vezes, quer dizer retribuição em kumbu (em troca de um favor)
Ginga - Bicicleta
Incomodado - doente
Kandongueiro - Taxi/Minibus que leva até 12 pax. São eles que provocam o caos no transito da cidade! Só quem cá anda sabe o que isto quer realmente dizer
Kazucuteiro - Preguiçoso
Kilapi - crédito, empréstimo
Kumbu - dinheiro
Maca, kijila - problema
Exemplo:- Não tem maca!
Malaique - tem 2 significados, pode querer dizer polícia ou que está tudo a correr mal
Exemplo 1: Os maliques vêm aí, cuidado!
Exemplo 2: Estou chateado, está tudo malaique...
Mambo - coisa, cena
Exemplo:- Esse mambo não funciona
Mangwolé - Nativo de Angola; Angolano
Matabicho - pequeno almoço
Mbaia - chapada
Mbaiar - ultrapassar pela direita
Musseque - Bairros de lata tipo favelas que rodeiam e invadem a cidade de Luanda
Salo - trabalho
Pinar - Atirar-se à água; mergulhar
Pula - Nome genérico dado aos brancos e estrangeiros que populam a ilha de Luanda
Raias - Óculos de Sol
Ruca - Carro
Tiriri - gatuno
Ya - partícula que pode e deve ser utilizada no fim qualquer frase e que tem a capacidade de a tornar facilmente compreensível para o outro lado.
Exemplos:
- Hoje não tenho nada para te dar, ya! (E eles afastam-se contentes com um sorriso nos lábios, apesar de não receberem nada)
- Essa comida é para dividires com os outros dois miúdos, ya?
- Sim madrinha, entendi.

domingo, 23 de setembro de 2007

The beggining

Caros amigos e amigas ( e alguns cybernautas desconhecidos), Assim se inicia o meu primeiro blog... Esta era uma ideia que já se vinha formando há algum tempo na minha cabeça mas devido a alguma preguiça nunca se tinha concretizado. Ao ver o blog de um colega decidi criar o meu. Confesso que começo a perceber porque tantas pessoas o fazem. O conceito de ter um pequeno sitio para partilhar com o mundo sem interferências nem deturpações agrada-me muito. O titulo do blog foi um reflexo sobre a minha personalidade e o meu destino, as duas conjugadas irão certamente proporcionar-me umas quantas desventuras (espero que pouco graves).

Tudo começou em Lisboa com uma frase no messenger "Está para arrancar um projecto em Luanda e precisam de pessoas, estás interessado?", a minha resposta foi imediata "Claro que sim". Após esta decisão começaram os preparativos: pedir o visto, ir à consulta do viajante, levar vacinas, comprar repelente e fazer a mala. Com os preparativos também começaram as confusões: muda o projecto, adia-se a viagem, vou para dois projectos, antecipa-se a viagem, afinal vou só para um, volta-se a adiar, o projecto começa já, volta-se a antecipar... Só quando estava na fila do check-in é que me apercebi que estava prestes a mudar de continente e fiquei com aquela sensação de quem estava a entrar no seu casulo para mais uma metamorfose.

Viajei com a TAAG (a tal companhia que está na lista negra da união europeia e proibidíssima de voar para a Europa) e só suspirei de alívio quando vi que o avião era da South African Airlines. Ainda antes de aterrar tive hipótese de vislumbrar Luanda pela primeira vez, a extensão dos musseques foi algo que já me tinha impressionado bastante no google earth e agora aqui estava eu a descer em direcção a eles. Vi também a famosa ilha de Luanda, onde ficam inúmeros restaurantes, bares e discotecas e da qual irei com certeza ter muitas memórias quando me for embora.

A entrada em Angola foi bem mais simples do que estava à espera. Como vinha num voo da TAAG a fila de controlo de passaportes para estrangeiros era mínima. Respondi às perguntas da praxe com as habituais mentiras: “Onde vai ficar?” – perguntou a Agente de Imigração, “No Hotel Trópico” retorqui com confiança. “Qual o motivo da estadia?” – continuou, “Turismo” – respondi eu tal como os outros milhares de pessoas que entram no país por motivos profissionais e engrandecem as estatísticas do Ministério do Turismo. Após este pequeno ritual hipócrita, esperei uma hora pela mala (sensivelmente o mesmo que se espera hoje em dia no aeroporto de Lisboa), passei pela alfandega sem nenhum tipo de problemas e finalmente saí porta fora em direcção ao motorista que me esperava.

Ao chegar à rua deparei-me com o pó tão típico de Luanda e que dá um ar amarelo e sujo a toda a cidade – noutra perspectiva o pó cria um ambiente de Outono tropical onde as folhas das plantas são castanhas e o calor é insuportável. À medida que nos aproximávamos da cidade o trânsito, outra constante de Luanda a par do pó e do calor, começou a ficar cada vez mais impossível. No cruzamento em frente ao Hotel Alvalade o motorista decidiu apanhar um atalho para não ter de fazer 150 metros até uma rotunda e fizemos a avenida do Hotel em cima do passeio esquerdo, buzinando e obrigando os transeuntes a arranjarem outro sítio por onde passarem. Trinta minutos depois entrei nos pré-fabricados a que chamo de casa no bairro da Maianga. As casas têm as condições necessárias a uma estadia confortável com excepção do isolamento sonoro, que diminui drasticamente o sentido de privacidade, e a falta de estores (outro pormenor da cidade) que permite uma inundação de luz todos os dias às 5:00 am.