Caros amigos e amigas ( e alguns cybernautas desconhecidos), Assim se inicia o meu primeiro blog... Esta era uma ideia que já se vinha formando há algum tempo na minha cabeça mas devido a alguma preguiça nunca se tinha concretizado. Ao ver o blog de um colega decidi criar o meu. Confesso que começo a perceber porque tantas pessoas o fazem. O conceito de ter um pequeno sitio para partilhar com o mundo sem interferências nem deturpações agrada-me muito. O titulo do blog foi um reflexo sobre a minha personalidade e o meu destino, as duas conjugadas irão certamente proporcionar-me umas quantas desventuras (espero que pouco graves).
Tudo começou em Lisboa com uma frase no messenger "Está para arrancar um projecto em Luanda e precisam de pessoas, estás interessado?", a minha resposta foi imediata "Claro que sim". Após esta decisão começaram os preparativos: pedir o visto, ir à consulta do viajante, levar vacinas, comprar repelente e fazer a mala. Com os preparativos também começaram as confusões: muda o projecto, adia-se a viagem, vou para dois projectos, antecipa-se a viagem, afinal vou só para um, volta-se a adiar, o projecto começa já, volta-se a antecipar... Só quando estava na fila do check-in é que me apercebi que estava prestes a mudar de continente e fiquei com aquela sensação de quem estava a entrar no seu casulo para mais uma metamorfose.
Viajei com a TAAG (a tal companhia que está na lista negra da união europeia e proibidíssima de voar para a Europa) e só suspirei de alívio quando vi que o avião era da South African Airlines. Ainda antes de aterrar tive hipótese de vislumbrar Luanda pela primeira vez, a extensão dos musseques foi algo que já me tinha impressionado bastante no google earth e agora aqui estava eu a descer em direcção a eles. Vi também a famosa ilha de Luanda, onde ficam inúmeros restaurantes, bares e discotecas e da qual irei com certeza ter muitas memórias quando me for embora.
A entrada em Angola foi bem mais simples do que estava à espera. Como vinha num voo da TAAG a fila de controlo de passaportes para estrangeiros era mínima. Respondi às perguntas da praxe com as habituais mentiras: “Onde vai ficar?” – perguntou a Agente de Imigração, “No Hotel Trópico” retorqui com confiança. “Qual o motivo da estadia?” – continuou, “Turismo” – respondi eu tal como os outros milhares de pessoas que entram no país por motivos profissionais e engrandecem as estatísticas do Ministério do Turismo. Após este pequeno ritual hipócrita, esperei uma hora pela mala (sensivelmente o mesmo que se espera hoje em dia no aeroporto de Lisboa), passei pela alfandega sem nenhum tipo de problemas e finalmente saí porta fora em direcção ao motorista que me esperava.
Ao chegar à rua deparei-me com o pó tão típico de Luanda e que dá um ar amarelo e sujo a toda a cidade – noutra perspectiva o pó cria um ambiente de Outono tropical onde as folhas das plantas são castanhas e o calor é insuportável. À medida que nos aproximávamos da cidade o trânsito, outra constante de Luanda a par do pó e do calor, começou a ficar cada vez mais impossível. No cruzamento em frente ao Hotel Alvalade o motorista decidiu apanhar um atalho para não ter de fazer 150 metros até uma rotunda e fizemos a avenida do Hotel em cima do passeio esquerdo, buzinando e obrigando os transeuntes a arranjarem outro sítio por onde passarem. Trinta minutos depois entrei nos pré-fabricados a que chamo de casa no bairro da Maianga. As casas têm as condições necessárias a uma estadia confortável com excepção do isolamento sonoro, que diminui drasticamente o sentido de privacidade, e a falta de estores (outro pormenor da cidade) que permite uma inundação de luz todos os dias às 5:00 am.